vício_inerenteTrabalho com a ideia de que toda obra de arte é uma metáfora estética. Partindo desse conceito o filme Vício Inerente , de Paul Thomas Anderson,  é o retrato da contracultura nos EUA em choque com a repressão política do período. O filme é baseado no livro Inherent Vice,  de Thomas Pynchon.

O caminho escolhido pelo autor e pelo diretor do filme foi a sátira ao confronto ideológico entre sistema e anti-sistema nos anos 70. Para tornar tudo mais claro e mais crítico Pynchon utilizou o formato da novela policial clássica americana.

Um detetive aventureiro, sempre em confronto com a polícia ao resolver casos em que aqueles falhavam por corrupção ou ineficiência, trabalha no caso do desaparecimento de uma garota e de mais uma penca de personagens.

O diferencial é que esse detetive é um hippie que fuma maconha o tempo todo e enxerga tudo pela ótica da contracultura. O filme é qualificado na categoria de comédia pela mídia, mas trata-se de um drama sufocante onde assistimos a sociedade ultra capitalista americana tentando esmagar ou aproveitar-se de qualquer oposição ao sistema.

Os segmentos corrompidos que usufruem dessa luta estão em muitas áreas: prostituição, internação psiquiátrica, tráfico de drogas entre outros. Os personagens são hilários e terrivelmente reais. Um policial que dirige as investigações conhecido como Pé Grande (Bigfoot) é a encarnação de um sistema antidrogas totalmente corrompido por ele.

Pynchon revisto pelo diretor Anderson cria um filme inesquecível e muito divertido, mas imensamente doloroso!!

Flávio Braga é escritor