Logo_Observatorio_InternacionalNesta edição do Clipping Semanal preparado pelo Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos repercutimos: os ecos do Brexit e do relatório Chilcot nos partidos ingleses, as tratativas para a formação de um governo na Espanha, a corrida presidencial nos Estados Unidos, o realinhamento tático do Estado Islâmico, as mobilizações classistas e juvenis na América Latina, a crise política na Venezuela, a greve geral no Zimbábue, a vitória democrática dos ativistas angolanos, as manobras geopolíticas da Turquia e o prenúncio de uma nova etapa de protestos em Hong Kong.
Saudações internacionalistas aos companheiros do PSOL.
 
DESDOBRAMENTOS DO BREXIT
Disputa interna pelas lideranças dos partidos após resultado do referendo na Grã-Bretanha

Após os resultados do referendo que definiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, os dois principais partidos estão em ebulição. O principal motivo é a possibilidade de antecipação de eleições gerais e a escolha dos nomes que representariam os blocos numa nova disputa.
No Partido Trabalhista, o líder Jeremy Corbyn passou por uma tentativa de golpe da ala mais moderada, que aprovou uma moção de “desconfiança” entre os deputados do partido, numa pressão aberta pela renúncia de Corbyn, além de já acumularem mais de 60 renúncias aos cargos de liderança dos trabalhistas na Câmara. Dentre os argumentos levantados, estão a repulsa da ala moderada à sua posição abertamente marxista, bem como acusações de antisemitismo alavancada pela declaração “Nossos amigos judeus são tão responsáveis pelas ações de Israel ou do governo Netanyahu quanto nossos amigos muçulmanos são pelos atos de variadas organizações ou autodenominados estados islâmicos”

O atual líder do Labour, que foi eleito principalmente pelo voto da base sindical do partido e da juventude, conquistando 60% dos votos, aposta neste apoio e mantém sua posição. O ato em apoio a Corbyn reuniu milhares, e as filiações ao Labour Party e ao Momentum (movimento social que construiu a campanha de Corbyn) tiveram aumento expressivo – as filiações a Momentum chegaram a dobrar de 6 para 12 mil.
LINK:http://www.theguardian.com/
Já no Partido Conservador, a disputa é pelo sucessor do atual primeiro-ministro, David Cameron, que anunciou sua renúncia no dia da apuração do referendo, após a posição que defendeu, pela permanência na UE, ser derrotada. Os candidatos cotados são afavorita Ministra do Interior Theresa May, o ministro da Justiça Michael Gove (que até pouco tempo apoiava o nome de Boris Johnson, o qual se retirou da disputa após escândalo de e-mails vazados) e a Secretária de Energia Andrea Leadsom.

http://www.theguardian.com/

A disputa pela liderança também chegou ao partido de extrema-direita UKIP. Nigel Farage, líder que ficou conhecido, juntamente com o Tory Boris Johnson, um dos principais defensores do voto pela saída da UE, renunciou ao seu cargo na liderança do UKIP. O nome mais cotado para substituí-lo é o de seu único deputado, Douglas Carswell.

LINK: http://www.bbc.com/news/uk-

O acordo para o Brexit
Além da polêmica em torno da escolha dos próximos representantes dos partidos, o destaque fica para a indefinição acerca do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, o qual trata especificamente do protocolo de saída voluntário da União Europeia.
“O artigo 50 afirma que ‘Qualquer estado-membro pode decidir retirar-se da união em acordo com seus próprios requisitos constitucionais’
Ele especifica que o país que se retire deve notificar o Conselho Europeu da sua intenção, negociar uma cordo sobre sua retirada e estabelecer bases legais para uma futura relação com a UE. Já para a UE, o acordo precisa de uma maioria qualificada de estados-membros e consentimento do parlamento Europeu”
“Em seu discurso de renúncia, David Cameron deixou claro que não estava com pressa para apertar o botão. “A negociação com a União Europeia terá de começar com um novo primeiro-ministro e eu acho que é certo que este novo primeiro-ministro tome a decisão sobre quando acionar o artigo 50 e iniciar o processo formal e legal de deixar a UE”, ele disse.
Assim, ele fez um favor para quem se esforçou para derrubá-lo – Boris Johnson e Michael Gove. Ambos argumentaram que não deve haver pressa para puxar o gatilho: isso iria iniciar o cronômetro, colocando a Grã-Bretanha em desvantagem na negociação em um momento em que sua classe política está em desordem.
Mas há forte pressão para fazer a bola rolar. Ukip não vê razão para o atraso, com o líder do partido Nigel Farage apelando por uma ação “assim que for humanamente possível”. Talvez mais importante, os líderes europeus, frustrados, irritados e extremamente decepcionados com o êxodo auto-imposto da Grã-Bretanha, querem as questões resolvidas de forma inteligente para haver um mínimo de incerteza e evitar que o contágio da saída se espalhe.”
 

Na Escócia, a expressiva votação pela permanência na UE levou a primeira-ministra Nicola Sturgeon à Bruxelas defender a permanência a despeito da saída do Reino Unido.

LINK: http://www.theguardian.com/politics/2016/jun/29/nicola-sturgeon-scotland-plea-eu-leaders-sympathy-little-hope

Relatório oficial sobre Guerra do Iraque denuncia arbitrariedades de Blair; Corbyn faz pedido de desculpas oficial em nome do Partido Trabalhista.
O relatório Chilcot, iniciado em 2009 pelo governo britânico, concluiu que o país avançou para a guerra no Iraque antes de estarem esgotadas as vias pacíficas e sem provas da existência de armas de destruição massiva.
 

Tony Blair, primeiro-ministro que decidiu apoiar a invasão estadunidense do Iraque em 2003, é o principal denunciado no relatório. Oito meses antes do início da guerra, o premiê do Partido Trabalhista escreveu à George W Bush prometendo apoio incondicional (“I will be with you, whatever”).

LINKS: https://www.theguardian.com/

Em um duro discurso contrário à ala belicista do Partido Trabalhista ocorrido numa atividade de Momentum, Jeremy Corbyn faz pedido oficial de desculpas em nome de seu partido ao povo iraquiano, às famílias dos soldados britânicos e à população de seu país. O crescente apoio à sua manutenção como liderança no partido levou Angela Eagle, sua principal desafiante e apoiadora da entrada da Grã-Bretanha na Guerra do Iraque, a abrir mão de disputar contra ele.
Veja aqui entrevista de Tariq Ali sobre as revelações do Relatório Chilcot: http://www.esquerda.net/
FRANÇA
Hollande e Valls escapam de moção de censura e forçam reforma trabalhista
Na segunda votação da matéria na Assembleia Nacional, a esquerda parlamentar francesa ficou a dois votos de obter a moção de censura ao governo de Hollande e Manuel Valls, depois de utilizarem o artigo 49.3 que atropela as decisões do Legislativo. É nítido que o governo já não tem a maioria absoluta da Assembleia, visto que parte do Partido Socialista está descontente com as manobras antidemocráticas do Executivo.
O projeto da reforma trabalhista segue agora para apreciação do Senado que espera votar em definitivo no dia 20 de julho.
Os sindicatos têm organizado passeatas multitudinárias nas últimas semanas para resistir à reforma. O risco de desmobilização nas férias de verão tem levado a preparação de um novo ascenso de lutas no mês de setembro, quando o país em tese costuma ter suas atividades econômicas normalizadas. “Nós voltaremos com tudo em setembro” prometeu Phillipe Martinez, dirigente da CGT.
 
ÁUSTRIA
Problemas na contagem de votos fez Corte Constitucional anular segundo turno das eleições presidenciais que dariam vitória a partido de extrema-direita
 
“Durante a primeira rodada de votação, Norbert Hofer, o candidato do Partido da Liberdade (FPÖ) garantiu mais de 30 por cento dos votos, expulsando dois partidos históricos da Áustria do governo (os social-democratas, SPÖ e o conservador ÖVP) [2]. A sequência foi um segundo turno presidencial entre Hofer e Alexander van der Bellen, um independente cuja campanha foi apoiada pelo Partido Verde.”
“FPÖ é um partido com raízes no passado nazista da Áustria. Seu primeiro líder era um ex-oficial da SS, e seus membros do núcleo consistiram em camadas da sociedade austríaca que não foram de-nazificadas depois da guerra.”
“Esta é uma combinação que está sendo perseguida por partidos como o UKIP que se afirmam anti-establishment, ao reivindicar a herança nacional a partir dessas elites que eles mesmos pretendem se opor. Como vimos a partir do Brexit, isto tem permitido a expressão popular de eleitores rurais conservadores alinhados com os eleitores urbanos em áreas que têm baixos níveis de investimento ou habilidades. Uma vitória fascista na Áustria seria o maior passo em frente até à data no desenvolvimento dessas tendências.”
 
ESPANHA
Negociações para formar o governo
A formação de um governo na Espanha, após as eleições de 26 de junho, segue em marcha lenta. O PSOE está dividido quanto a permitir um governo de Rajoy e do Partido Popular, que por sua vez fracassam em conquistar aliados regionais ou ao centro.
Já o PSOE rechaçou a proposta de Pablo Iglesias de tentarem um acordo de “esquerdas”, análogo ao que ocorreu em Portugal.
EUA
Com a vantagem de Clinton sobre Sanders, milhares de ativistas discutem como dar consequência à “revolução política” que empolgou progressistas em todo o país

“O que acontece no dia 28 de julho, quando Clinton ganhar a nomeação, deixando para aqueles que apoiaram um socialista democrático escolher entre uma democrata corporativa pró-austeridade e um xenófobo de extrema-direita? Como podem os ativistas e voluntários de Sanders continuar a propor às pessoas inspiradas por sua mensagem algo para fazer e acreditar?
Aceitar a derrota e retirar-se da política eleitoral seria desastroso. Desnecessário dizer que os movimentos nunca devem comprometer toda a sua energia com a disputa eleitoral, compreendida por muito tempo – e com razão – como um cemitério de insurgência popular. Mas a campanha Sanders começou a corroer a divisão de meio século de tempo entre ativistas e os corredores do poder.”
LINK: 
https://www.jacobinmag.
MÉXICO
Professores prosseguem luta contra Peña Nieto: nova onda de protestos em Oaxaca
Rodovias dos estados mexicanos Oaxaca e Chiapas continuam bloqueadas por professores A reforma educativa proposta por Peña Nieto que aprofunda a privatização do ensino mexicano desagrada amplos setores da sociedade mexicano.
Sem sucesso, governo lança ultimatos atrás de ultimatos para que os professores retornem às salas de aula e desbloqueiem as vias públicas. A Secretaria do Governo não abre negociações e dezenas de estradas permanecem ocupadas. A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação anunciou uma greve indefinida a partir de 5 de julho.
Segundo o La Jornada, 40 prefeitos assinaram uma nota em apoio à luta dos professores, contra a repressão do governo e pela abertura de diálogo.
Confira trecho de reportagem feita pelo jornal espanhol Público sobre que vem acontecendo no México:
Os professores protestam contra uma reforma que veem como primeiro passo para a privatização. O Executivo tem respondido com violência, atirando com firmeza contra as organizações sociais o que já provocou várias mortes nos enfrentamentos. Os professores levam numerosos bloqueios de estradas e reivindicam a auto-organização cidadã”.
ARGENTINA
Austeridade de Macri afunda economia argentina na recessão e amplia pobreza
Levantamento do Centro de Economia Política Argentina e o Instituto de Economia Popular realizado entre a população de urbana da Grande Buenos Aires apontou que a indigência cresceu de 5,7% (novembro de 2015) para 7,9% (abril de 2016), enquanto a pobreza saltou de 19,8% (nov. 15) para 33,3% (abr. 16). Em seis meses, o poder aquisitivo despencou 28%.
O impacto da desvalorização nos preços da cesta básica total conjugado com um estacamento dos salários no mesmo período teve um efeito negativo no poder aquisitivo dos salários médios” alerta o informe.
A política de ajuste com transferência de renda de setores assalariados para grupos de poder econômico foi central para explicar a piora econômica e o retrocesso da qualidade de vida de amplos segmentos da população” conforme reportagem do Página 12.
Organizações sociais marcham contra tarifazo
Em pleno inverno, os boletos de gás e energia têm causado surpresa e indignação na classe trabalhadora argentina. Aumentos sucessivos das tarifas ditadas pelo governo Macri, mês após mês, tornam cada vez mais insuportável viver com um mínimo de dignidade no país. As organizações sociais buscam oferecer resistência ao ajuste macrista, intensificando a presença nas ruas pelo fim do tarifazo.
Em reportagem do site El País, Alejandro Bodart, representante do MST-Nueva Izquierda observou: “Rechaçamos os tarifazos impagáveis do governo macrista e também as privatizações que são a maior corrupção sistêmica que persiste desde o menemismo. Para o povo trabalhador não há “revolução da alegria”, mas ajuste. Já apresentei um projeto de amparo contra a subida das passagens de coletivos e trens. Tão logo o governo portenho decrete o aumento do bilhete do metrô, apresentarei outro projeto.” 
 
BOLÍVIA
COB paralisam regiões da Bolívia por três dias e obrigam Evo a abrir diálogo
O fechamento da empresa estatal de têxteis Enatex provocou a demissão de 900 funcionários no primeiro semestre de 2016. Os fortes protestos operários em La Paz, Cochabamba e Potosí levaram o presidente Evo Morales a instalar uma mesa de negociação com a Central Obrera Boliviana (COB), a qual ameaça uma greve geral indefinida caso o governo não recue e continue a postergar a agenda dos trabalhadores.
Como resultado de uma reunião realizada ontem, a Central Obrera Boliviana (COB) decidiu rechaçar a proposta governamental de que 180 trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Têxteis (Enatex) entrem num regime laboral transitório e exige que sejam ampliados sob a Lei Geral do Trabalho ao serem re-contratados pelo Serviço Nacional de Têxteis (Senatex).”
Os três dias de paralisação (29 jun., 30 jun., 1 jul.) foram marcados por bastante repressão, dezenas de manifestantes presos e um gravemente ferido a bala em Cochabamba.
LINK:
Conforme assinala a socióloga Maria Teresa Zegada:
“”Este último conflito da Central Obrera Boliviana (COB) mostra uma sorte de “regeneração” de um dos atores que foi protagonista principal da sociedade civil boliviana desde sua conformação, em 1952. Esta última greve escalonada logrou paralisar alguns departamentos do país, mobilizar altas autoridades do Governo, como o próprio vice-presidente, e impor um cenário de negociação a seus intrelocutores. Em geral, o papel da COB durante os primeiros governos de Evo Morales este muito pouco claro. Desde os primeiros meses, sua presença foi marginal, tanto nas decisões como nos cenários de protesto, que só alcançaram um ponto alto entre os anos 2010 e 2012.”
CHILE
140 estudantes são presos em marcha contra reforma educativa de Bachelet
Em Santiago, marcha convocada pela Confederação dos Estudantes do Chile (Confech) terminou com a intervenção dos carabineros: 140 estudantes foram detidos de maneira violenta, dentro os quais dezenas de menores de idade.
Os estudantes insistem no fato de que a reforma educativa apresentada pelo Governo do Chile mantém uma lógica de mercado e dá carta branca ao lucro na educação universitária, além de descumprir com a promessa de gratuidade universal prometida pelo governo.”
VENEZUELA
Crise política não cessa e população sofre no dia a dia
A queda de braço entre governo e oposição de direita está longe de um desfecho. Enquanto a MUD tenta recolher assinaturas suficientes para a realização do referendo, Nicolás Maduro eleva o tom com o presidente da Assembleia Nacional, o direitista Ramos Allup, chamando-lhe de “covarde”, que algumas semanas antes havia dito que quem “tem legitimidade para pautar a agenda na Venezuela é a oposição”.
Dentro do chavismo, o espaço dos descontentes com Maduro amplia, na medida em que a população padece com o caos econômico instalado no país. O general aposentado Cliver Alcalá defendeu recentemente a renúncia de Maduro e a entrada do vice Aristóbulo Istúriz, conhecido por ser um articulador experiente.
Outros, dentro do chamado chavismo crítico exigem retificação ao governo e perguntam-se qual acordo Maduro e Shannon fizeram em seu aperto de mãos. Dentro do arco bolivariano concretizam-se descolamentos do governo através de uma Plataforma do Povo em Luta e do Chavismo Crítico, onde convergem sindicatos, coletivos, Marea Socialista e o Partido Socialismo y Libertad (PSL).
Em sua plataforma expõem nove pontos: plano de emergência alimentar e sanitária, aumento geral dos salários, fim das demissões em empresas públicas e privadas; revogação de leis e normas que restringem o direito de greve e manifestação auditoria pública das empresas importadoras, reforma agrária democrática, anulação do Decreto do Arco Minerador, rescisão dos contratos no setor petroleiro; moratório do pagamento da dívida externa.”

ANGOLA
Presos políticos são libertados após um ano
Supremo Tribunal de Angola determinou que os 17 ativistas detidos em junho de 2015 fossem libertados. A decisão vem depois de muita pressão internacional para que a ditadura de José Eduardo dos Santos colocasse um fim nessa prisão arbitrária de jovens que se reuniam em Luanda para debater política.
ZIMBÁBUE
Greve geral paralisa Zimbábue
O país no sul da África atravessa uma grave crise financeira. Professores, enfermeiros, soldados e médicos estão sem receber há um mês. Robert Mugabe, à frente da presidência desde 1980, não pode mais emitir mais moeda, desde que adotou o dólar em 2009. A escassez de cédulas piora as condições de vida das classes populares. As suspeitas de corrupção e de esbanjamento de dinheiro público nas altas esferas do poder contribuem para que o povo perca a paciência e o medo da repressão. Em fevereiro deste ano, Mugabe gastou 1 milhão de dólares para comemorar seu 92 º aniversário.
A greve geral em 6 de julho, convocada pelos ativistas sindicais, foi uma das mais fortes no país desde que Mugabe assumiu o governo.
TURQUIA E RÚSSIA
Moscou e Ancara se reaproximam
Matéria do El País destaca o restabelecimento da interlocução entre Putin e Erdogan, um ano após o abatimento do caça russo pelas forças armadas da Turquia. A crise da UE incentiva essa parceria. A Turquia busca potências aliadas para dinamizar sua economia, ao passo que a Rússia tem interesse em investir no gasoduto turco. No conflito sírio, essa reaproximação poderia significar uma trégua de Ancara em relação a Assad.
 
ESTADO ISLÂMICO (ISIS)
Perda de território altera tática do ISIS
A perda de quase a metade de seus domínios no Iraque e o recuo de suas posições na Síria ocasionou uma mudança de tática para o Estado Islâmico. Seus porta-vozes têm conclamado que seus seguidores façam ataques letais e descentralizados onde for possível. Atentados explosivos recentes no Iraque, Bangladesh, Turquia, Líbano, Iêmen vitimaram mais de 300 pessoas, o que corrobora tal tese defendida por diferentes analistas internacionais e pelo Departamento de Estado dos EUA.
Como aponta uma reportagem do El País, “já são 60 as nações que se somaram à guerra internacional contra o ISIS, sem por isso ter muita clareza da natureza do inimigo com o qual se defrontam. Seja com lobos solitários como o do ataque de Orlando (EUA), seja com grupos jihadistas locais como Jamaat al Muahidin em Dacca (Bangladesh) seja com redes filiadas estrangeiras em Istambul (Turquia), ISIS diversifica tanto sua logística como estratégia. “Os lobos solitários seguem sendo o maior desafio para os serviços de inteligência na luta contra o terrorismo. São mais difíceis de monitorar que as redes assentadas, como na Turquia, as quais levam anos seguindo-lhes a pista”, aponta Maya Yahia, diretora do Centro Carnegie de Beirut. “A via militar não é, em absoluto, a solução para derrotar o ISIS. Enquanto prevalecerem as causas pelas quais se alistam em suas fileiras milhares de jovens frustrados, sujeitos a governos repressivos, a um vazio de legitimidade política e religiosa, ou ao deficiente sistema educativo entre outros, o ISIS seguirá existindo. E caso seja expulso fisicamente do Iraque ou da Síria, outro ISIS sob outra forma virá a ocupar seu lugar”, adverte Yahia.
HONG KONG
Milhares vão às ruas protestar contra as autoridades chineses
No 19 º aniversário de retorno de Hong Kong para a soberania chinesa, dezenas de milhares marcharam por mais democracia e pela saída do chefe de governo Leung Chiun-Ying, alinhado com as políticas de Pequim. O estranho desaparecimento de cinco livreiros, especializados em trabalhos críticos em relação à cúpula do Partido Comunista, aguçou a indignação dos setores que reivindicam a total independência da cidade.
A chamada “Revolução dos Guarda-Chuvas” ocorrida em 2014 gerou a criação de diversos coletivos e partidos que advogam a autodeterminação de Hong Kong. A tese de “um país, dois sistemas” perde cada vez mais apoio junto à população da cidade.
As eleições legislativas em setembro poderão ser um bom barômetro se os localistas não passam de grupos marginais na sociedade, como propagam os porta-vozes da China.
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