A Fundação Lauro Campos promoveu no último dia 11 de agosto o painel “The new latinamerican situation” (A nova situação latinoamericana), durante o Fórum Social Mundial, em Montreal, no Canadá. O evento, que integrava a programação oficial do Fórum, contou com a participação de ativistas de vários países, como Equador, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Venezuela, dentre outros.

Na mesa do debate estiveram presentes Pablo Solon, ex-ministro plenipotenciário do governo de Evo Morales, na Bolívia, Richard Arce, deputado da Frente Ampla na Assembléia Nacional do Peru e Charles Lenchner, dirigente da campanha do pré-candidato democrata Bernie Sanders, nos Estados Unidos. Além deles, participaram representando a Fundação Lauro Campos os companheiros Pedro Fuentes, coordenador do Observatório Internacional da Fundação, e Juliano Medeiros, diretor-presidente da entidade.

No debate, cada um dos integrantes da mesa destacou aspectos particulares da realidade de seus países. Pablo Solon abordou as contradições advindos do processo de crescimento econômico da Bolívia nos últimos anos e os inconvenientes que o modelo extrativista traz consigo, especialmente no caso boliviano. Richar Arce, deputado recém-eleito pela Frente Ampla após a extraordinária campanha presidencial de Veronika Mendoza (terceira colocada, com 18% dos votos), abordou a situação política de seu país a partir do processo e reorganização da esquerda peruana neste ano. Para ele, uma esquerda “renovada” deve saber construir uma agenda política a partir das mobilizações de todos os excluídos. Charles Lenchner, dirigente da campanha de Bernie Sanders, o senador que enfrentou Hilary Clinton nas primárias do Partido Democrata com uma plataforma claramente anticapitalista, mencionou as discussões acerca da criação de um partido independente que busque romper a histórica polarização entre democratas e republicanos. Além deles, estava confirmada a presença da ex-ministra do meio ambiente do governo de Hugo Chavez, Ana Elisa Osório, que não pode vir ao Canadá depois que o país negou a emissão de seu visto, o que foi objeto de protesto de vários participantes.

Os representantes da Fundação Lauro Campos foram ouvidos atentamente pelo público. Pedro Fuentes, coordenador do Observatório Internacional da entidade, apresentou as características gerais do que ele considera “o fim de um ciclo” na América Latina. Esse ciclo teria sido caracterizado por governos anti-imperialistas e reformistas de diferentes características, e seu fim se expressa na crise que estes projetos vivem hoje, com a derrota do kirschnerismo na Argentina, o impeachment de Dilma no Brasil e as dificuldades do governo Maduro, na Venezuela. Já o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros, concentrou sua análise nas consequências do golpe no Brasil e as características gerais do governo de Michel Temer. Para ele, o golpe tem por objetivo “colocar em marcha uma agenda ultraliberal que busca garantir as condições para um novo ciclo de valorização do capital no Brasil, destruindo direitos sociais e instrumentos de proteção aos povos indígenas e ao meio-ambiente”. Após a exposição dos debatedores, vários participantes pediram a palavra para fazer perguntas. O debate contou com a tradução de Alejandra Zaga, militante peruana do partido Québec Solidaire, e foi realizado na Universidade de Quebéc.

Durante o Fórum Social Mundial os representantes da Fundação Lauro Campos ainda participaram do Fórum Parlamentar Mundial e distribuíram o Guia do Golpe para Estrangeiros, editada pela entidade em quatro idiomas (francês, inglês, espanhol e português), e que foi um sucesso entre os participantes do FSM.